Todos os abril’s são fatais.

Violet,  nome não proposital do dente de leão que se afogou em uma das inevitáveis enchentes no anfiteatro dos prédios iluminados, o deck flutuante em minha antiga casa, o primeiro lugar curiosamente estranho onde eu pude ser e estar, peculiaridades que não resistiram à marços e abril’s, todos os abril’s são fatais mas eu os amo, e foi assim naquela história que faz quase um ano, que me quebrou em milhões de pedaços mais de uma vez, só para que eu pudesse colar, e colar, e colar incansavelmente.

Eu aceitei asas como as de ícaro, e ouvi falsos profetas falarem sobre amor, flutuei o mais longe possível, para litorais e casas amar-elas, me afoguei como Violet na enchente após despencar do céu pela milésima vez como todas as meninas ruivas e seus barbitúricos em um musical estranho sobre nunca ser suficiente, ele me quebrou novamente e agora eu não tenho mais 18 anos, me quebrou e eu não tenho tempo de curar uma ferida que sara hoje, ou talvez nunca, não sarou.

Me libertei de mim como quem ateia fogo em um corpo polido de tudo o que a mediocridade venera e assim fui obrigado a aprender sobre amor com todas as pessoas que realmente me amam, não houve alinhamentos de estrelas, tão pouco falhas na matrix, nenhuma profecia se cumpriu, nenhuma dor doeu mais e pior, nenhuma paz foi constrangedora, nada ficou no lugar e eu segui como Violet um dia após a enchente,  transformando todas as coisas insignificantes em monumentos, extravagantes, todos os microsegundos em lições para a vida toda, todas as decepções em combustível

Autor: E G Viana

Minhas contradições são minhas melhores amigas.

Uma consideração sobre “Todos os abril’s são fatais.”

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